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Como vamos trabalhar após a Covid-19?

A possível resposta varia, necessariamente, consoante o tipo de trabalho a ser prestado. Será que os médicos, os enfermeiros, os auxiliares de saúde, os polícias, os repositores de grandes superfícies, os lojistas vão ter os seus modelos de trabalho significativamente modificados?

Temos, depois outros sectores com trabalhadores ligados à contabilidade, à informática, à engenharia computacional, à advocacia, entre muitos outros que fazem, maioritariamente, trabalho técnico, intelectual e que um computador com Internet é tudo o que precisam.

Desde 2003 que o Teletrabalho é uma figura prevista no nosso Código do Trabalho, pelo que em si mesmo a figura não é nova no mercado laboral português. No entanto, há que reter o seguinte: nem todos os trabalhos podem ser prestados através desta via e, podendo, nem todos os trabalhadores pretenderiam essa opção. Para muitos pode ser a melhor forma de conciliação da vida pessoal e profissional para outros não. Seja porque têm dificuldade em separar o espaço do trabalho do espaço de lazer, seja porque não conseguem estabelecer horários e rotinas para essa realidade.

Estamos, sempre, a falar de pessoas e as realidades são muito diferentes. Não podemos, de longe, pensar que o que funciona lindamente para 100 trabalhadores de uma empresa tecnológica é aplicável de forma igual a uma empresa com 10 pessoas na área da saúde.

A pandemia criada pela Covid-19 veio trazer novos debates sobre o modelo organizacional do trabalho, da sua prestação, das necessidades das deslocações, das reuniões. A este propósito muito se tem escrito ultimamente. Podemos, a título de exemplo, destacar um artigo escrito para a revista The Economist, por Adam Grant, publicado em 01 de Junho de 2020, sob o título “The World After Covid-19”, no qual o mesmo defende, por exemplo, a implementação de dias de trabalho mais curtos em detrimento de opções mais ligadas ao teletrabalho permanente.

Numa era em que as entidades empregadoras e os trabalhadores querem ajustar ao máximo as necessidades criadas pela pandemia é cada vez mais de louvar tentar aprender o modus operandi de outros setores e repensar os modelos existentes.

Talvez seja um dos momentos em que, na senda da canção do Rui Veloso, “muito mais é o que nos une do que aquilo que nos separa”.

David Carvalho Martins | Catarina Venceslau de Oliveira | DCM LAWYERS