A pandemia “impôs” o regime do teletrabalho, até à data desconhecido. Mas o que a pandemia traz, a pandemia leva, e com o fim da obrigatoriedade do teletrabalho, os trabalhadores viram-se confrontados com o regresso ao regime presencial.
O regime de teletrabalho que em 2020 era estranho e de difícil adaptação para alguns trabalhadores, anos mais tarde revelou-se como uma das alterações que mais agradou aos trabalhadores. Habituados que estão a ser “donos do seu tempo”, os trabalhadores já não estão disponíveis para enfrentar o transito diário e prejuízo financeiro que ele implica, o stress das deslocações e a exaustão dos transportes públicos.
De tal forma que se têm vindo a observar que diversos trabalhadores estão a solicitar às empresas a manutenção do teletrabalho ou a adoção de um regime híbrido. Mas muitos dos trabalhadores que são obrigados a voltar ao regime do trabalho presencial, em completo, não estão satisfeitos e ponderam mudar de vida.
É cada vez mais frequente haver trabalhadores a tomar a decisão de deixar os seus empregos por não se conseguirem (re)adaptar ao trabalho presencial. Este tipo de movimento, de mudança radical, foi batizado de “Great Resignation “ e encontra justificação nas necessidades dos trabalhadores, em verem asseguradas as suas necessidades pelas empresas onde trabalham, nomeadamente no que concerne à sua gestão de tempo.
A título de exemplo, em julho de 2021, o U.S. Bureau of Labor Statistics contabilizou 4 milhões de despedimentos por iniciativa de trabalhadores norte-americanos, tendência que se observou, e ainda se observa, globalmente.
A realidade é que cada vez mais o motivo para os trabalhadores se manterem ou escolherem mudar para uma empresa já não passa apenas pela remuneração ou o cargo que desempenham. Os colaboradores querem fazer parte de uma organização onde se sintam valorizados, onde existam oportunidades de aprendizagem e progressão, e, sobretudo, que tenha um ambiente organizacional com o qual se identifiquem.
Face a esta mudança laboral, as entidades empregadoras terão de se adaptar aos novos tempos. A eventual solução para o “Great Resignation” pode passar por novas formas de teletrabalho, modalidades de trabalho mais flexíveis, com maiores níveis de autonomia que satisfaçam os trabalhadores.
Claro é, que é preciso não esquecer todas as outras recomendações de combate a este fenómeno, mas, para já, retemo-nos no pensamento do teletrabalho ou trabalho híbrido à la longue.
Leonor Frazão Grego @ DCM | Littler