O quarto inquérito anual da Littler a mais 530 executivos, revela uma panóplia de dinâmicas atuais transformadoras dos locais de trabalho europeus, e do próprio futuro do trabalho.
A Littler, o maior escritório de advogados do mundo a representar empresas na área do Direito Laboral, publicou o seu quarto Relatório Anual sobre o Inquérito relativo aos Empregadores Europeus, o European Employer Survey Report, que foi respondido por mais de 530 técnicos de Recursos Humanos, advogados internos e líderes empresariais, refletindo sobretudo a realidade do Sul da Europa e da Europa Ocidental.
O Relatório faculta dados sobre as inúmeras transformações dos locais de trabalho e de como os empregadores abordam os planos para regresso ao trabalho presencial, os novos modelos de trabalho, bem como todas as questões laborais emergentes na contínua incerteza trazida pela situação pandémica.
Na Europa, o regresso ao trabalho presencial é generalizado
Mesmo após os surtos de Covid-19 causados pela variante delta, 52% dos inquiridos referiram, em finais de setembro, que estavam a avançar com os planos para regresso ao trabalho presencial, dentro das datas previstas, ou a planear regressar. Ainda que 36% se tenham atrasado no processo, somente metade destes referiram que os atrasos se prolongariam até 2022.
Estas decisões podem dever-se a uma série de fatores, sobretudo à prevalência de orientações por parte dos Governos europeus para diminuição dos riscos de contágio e consequente segurança dos locais de trabalho, e incentivos à vacinação, para que até finais de agosto, 70% da população adulta da União Europeia (UE) estivesse totalmente vacinada contra o vírus.
“De um modo geral, as entidades empregadoras têm revelado vontade de trazer os trabalhadores de volta aos locais de trabalho – graças, sobretudo, às medidas sanitárias implementadas pelos governos da UE”, revelou Laura Jausselin, sócia da Littler em França. Adiciona ainda que “apesar das medidas poderem ajudar com os planos para o regresso aos locais de trabalho, no meio das questões inovadoras e difíceis que a pandemia continua a trazer, as entidades empregadoras têm sido flexíveis e expeditas relativamente aos ajustes dos seus planos, acompanhando a evolução da situação pandémica.”
Contudo, nem todos os países europeus estão a avançar ao mesmo ritmo. Por exemplo, em França e em Itália, uma percentagem mais elevada de empregados – 65% e 62% respetivamente – avançam com planos para regresso aos locais de trabalho, sendo que menos empregadores o estão a fazer na Alemanha (28%).
Os modelos de trabalho adotados não vão de encontro às preferências dos trabalhadores
À medida que os empregadores implementam os planos para regresso, as tensões podem intensificar-se se houver um total desligamento entre os planos e as preferências dos trabalhadores para equilibrar o trabalho à distância e o trabalho presencial. Apenas 28% dos inquiridos acreditam que os modelos de trabalho a adotar pelas organizações em que se inserem se alinham com as preferências dos trabalhadores que podem prestar trabalho à distância.
A maioria dos empregadores (52%), acredita que os seus colaboradores pretendem modelos de trabalho híbridos, ou à distância, em maior medida do que a que pretendem implementar, sendo que esse número é ainda mais elevado para os inquiridos, no Reino Unido, Alemanha e Espanha.
Contudo, é de sublinhar que 57% das entidades questionadas reconhecem que o trabalho à distância e os modelos de trabalho híbridos ajudam a aumentar a satisfação profissional dos seus colaboradores, e, 54%, acreditam que melhora o equilíbrio entre vida pessoal e o profissional.
34% revelaram que estes modelos permitem uma maior produtividade, 31% refere que permite reduzir os custos associados aos escritórios e 20% refere que reduzem outros custos das empresas.
Segundo Jan-Ove Becker, acionista da Littler na Alemanha, “neste último ano, os empregadores começaram a pensar nos modelos de trabalho híbrido não tanto como uma forma de melhorar a produtividade ou reduzir custos, mas mais como uma forma de manter os trabalhadores os níveis de satisfação profissional”. E acrescentou “Esta é uma mudança positiva e real. Ao avançar, no entanto, será crucial encontrar o equilíbrio entre o bem-estar dos trabalhadores e todos os desafios logísticos, legais e culturais que estes novos modelos podem colocar.”
Paralelamente, 67% dos empregadores inquiridos admitiram estar ligeiramente preocupados com os desafios legais e logísticos que poderão advir desta oscilação entre trabalho à distância e trabalho presencial. Mais especificamente, os empregadores responsáveis por gerir estes novos modelos enfrentam uma série de desafios, como obstáculos para gestão entre trabalho presencial e à distância, a avaliação de desempenho dos seus trabalhadores que prestam trabalho à distância, mas também a certeza de que os que prestam trabalho à distância se sentem incluídos na organização.
O bem-estar dos trabalhadores é uma prioridade, mas há lugar para melhorias
Nesta questão, quase três quartos dos inquiridos (73%) estão moderadamente ou consideravelmente preocupados com o impacto da pandemia na saúde mental e bem-estar dos seus trabalhadores.
Quando questionados sobre formas de afetar recursos à saúde mental, a resposta maioritária, que foi selecionada por 53% dos inquiridos, foi a de oferecer horários de trabalho flexíveis. Outras ações possíveis seriam a formação dos gestores, planos de assistência aos trabalhadores e programação interna, sendo que todas estas ações foram selecionadas por menos de um terço dos inquiridos.
“É um sinal positivo verificar que os empregadores estão verdadeiramente a reconhecer a importância do bem-estar dos trabalhadores e o significativo impacto da pandemia na saúde mental”, disse Stephan Swinkels, Sócio Coordenador Internacional da Littler. Acrescenta ainda -“Isto só se tornará mais importante no local de trabalho do futuro e nos esforços das organizações para atrair e reter talentos. Oferecer horários de trabalho flexíveis é um grande passo, mas para otimizar a sua eficácia os empregadores devem considerar outros recursos – tais como formação e programação interna – conjuntamente para fornecer uma solução mais abrangente”.
As novas tecnologias continuam a ser uma força disruptiva para empregadores e empregados
Com os desafios proporcionados pela pandemia a fomentar uma revolução tecnológica, os empregadores europeus estão a tomar medidas para equiparem os seus funcionários com as competências digitais necessárias para o local de trabalho do futuro. Neste sentido, cerca de metade (48%) estão a desenvolver programas de formação interna, enquanto 35% estão a conduzir análises para identificar novas aptidões relevantes e para orientar o planeamento e formação profissionais.
Ao mesmo tempo, a pandemia parece ter estagnado a colaboração e o investimento necessários para que os empregadores procedam à adoção de soluções de inteligência artificial ou de análise de dados que possam vir a melhorar a gestão do capital humano. Em todas as áreas abrangidas pelo inquérito, incluindo a gestão de recursos humanos, a automação da força de trabalho, o recrutamento e a contratação – a adoção tem-se mantido relativamente estagnada, graças também à pandemia.
Adicionalmente, à medida que os empregadores realizam a mudança para modelos de trabalho híbrido, a produtividade dos trabalhadores à distância pode ficar sujeita a um maior escrutínio. Este estudo, revelou que quase 60% dos empregadores estão a utilizar (17%), planeavam usar (23%), ou estão potencialmente interessados em utilizar (19%) ferramentas de software que permitam a monitorização da produtividade dos trabalhadores à distância. Contudo, os inquiridos expressaram também hesitação quanto à implementação destas tecnologias, com as principais preocupações centradas no possível impacto negativo na moral dos trabalhadores e na confiança na entidade empregadora (42%), sendo que 39% preocupam-se com os direitos fundamentais dos trabalhadores para além das obrigações de conformidade.
Os grandes despedimentos foram, por norma, largamente evitados.
Segundo o estudo da Littler, de 2020, a maioria dos empregadores encontravam-se preocupados com a manutenção dos postos de trabalho, 60% dos inquiridos, neste quarto inquérito de 2021, não fizeram reduções ou reorganizações de trabalhadores e 41% desses inquiridos não prevê fazê-lo. Enquanto os outros 40% fizeram reduções ou reorganizações de uma forma ou outra, sendo que cerca de metade desses (18%) não preveem mais mudanças
Segundo Raoul Parekh, sócio da Littler no Reino Unido, “os programas de apoio governamentais ajudaram a salvar milhões de empregos, durante a pandemia, e os dados do inquérito apoiam a eficácias destes apoios. Paralelamente, a porção dos empregadores que referiu que as prospeções de futuros despedimentos se podem vir a materializar, demonstra-nos que que as repercussões da pandemia estão longe do fim.” O sócio adiciona ainda que “as decisões que os executivos tomam relativamente à forma como estruturam as suas organizações a longo prazo, e o impacto da redução e fim de vários apoios governamentais, são fatores que continuarão a transformar a realidade da força de trabalho em toda a Europa nos próximos meses”.
Para além de todos os tópicos acima abordados, o relatório do inquérito retrata ainda outras questões jurídicas e de recursos humanos que estão a impactar os empregadores europeus, incluindo novas medidas de prevenção de contágio, a regulamentação relativa às vacinações e programas de inclusão e diversidade, bem como a gestão de trabalhadores que prestam trabalho a partir de países diferentes. E, são ainda, prestadas novas observações relativamente ao mercado laboral do Reino Unido, Alemanha, França, Espanha e Itália.
Pode consultar e descarregar aqui o Littler 2021 European Employer Survey Report
Sobre a Littler : Com mais de 1600 advogados especializados em Direito do trabalho a exercer atividade em escritórios em todo o mundo, a Littler oferece soluções laborais que são locais, em qualquer lugar. A nossa equipa mundial diversificada e as nossas tecnologias promovem uma cultura que celebra o pensamento criativo, gerando inovação pioneira que prepara os empregadores para o mundo de hoje, e para o provável mundo de amanhã. Para mais informações, visite www.littler.com.