Simbolicamente, ou não, no Dia Internacional da Saúde Mental (10 outubro), o Conselho de Emprego e Políticas Sociais da União Europeia aprovou o primeiro texto sobre saúde mental e precariedade laboral na União Europeia.
A OMS define o burnout como o estado de esgotamento físico e mental causado pelo exercício de uma atividade profissional. Esta é uma realidade vivida por muitos trabalhadores cuja saúde mental é afetada pelo trabalho e Portugal, não é exceção.
Embora Portugal, em conjunto com a Irlanda no Norte, se encontrem no pódio dos problemas de saúde mental da Europa, e sendo, também o nosso país, um dos maiores consumidores de psicofármacos da Europa, a Recomendação para desenvolver a Economia Social na União Europeia, bem como as Conclusões sobre saúde mental e insegurança no trabalho, partiram da Ministra espanhola do Trabalho e da Economia Social (Yolanda Díaz).
Se há uma década os problemas da saúde mental eram vistos como um problema de cada um, sem necessidade de nenhuma intervenção por parte das entidades empregadoras, desde a Pandemia Covid-19 e consequente adoção do teletrabalho que o assunto começou a ser visto com outros olhos.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), entre abril e junho de 2020, data do primeiro confinamento, 23,1% da população empregada em Portugal, trabalhou a partir de casa, uma percentagem populacional que, até há poucos anos, seria impensável.
Inevitavelmente, esta mudança teve impacto na saúde mental dos trabalhadores e passou a ser tema de debate; a necessidade de adaptação a uma nova forma de trabalhar, num local diferente, com horários, ritmos e exigências distintos de tudo o que sempre haviam conhecido, levou a um conjunto de estudos e relatórios sobre o tema da saúde mental nos trabalhadores e a sua relação com a produtividade (ou falta dela), no desempenho das suas funções.
A saúde mental é fundamental para um bom desempenho dos colaboradores e sucesso das organizações. A vivência com problemas de saúde mental está associada a uma menor taxa de sucesso dos trabalhadores, com maiores probabilidades de desemprego e absentismo.
A promoção de um ambiente de trabalho saudável é fundamental para uma promoção da saúde mental dos trabalhadores pelo que urge desenvolver programas com o objetivo principal de promover a saúde mental e bem-estar no contexto laboral, de maneira a melhorar o ambiente de trabalho.
Para a OMS, a definição de saúde mental vai muito além da simples ausência de doença, abarcando também um estado de bem-estar em que cada indivíduo realiza o seu próprio potencial, consegue lidar com os desafios normais da vida, é capaz de trabalhar de forma produtiva e frutífera e ainda contribuir para a sua comunidade.
Partindo desta base, e questionado sobre o que é a saúde mental em contexto laboral, a Ministra espanhola do Trabalho e da Economia Social, propôs à União Europeia que pensasse sobre o assunto e que desenvolvesse medidas aptas a um ambiente de trabalho favorável a uma boa saúde mental onde todos os membros da organização – empregadores, gestores e colaboradores – cooperam, com vista ao melhoramento contínuo dos processos de proteção e promoção da saúde, da segurança e do bem-estar.
Vamos acompanhar o tema e manter o equilíbrio no caminho da saúde mental.
Leonor Frazão Grego @ DCM | Littler
