“Quitting the idea of going above and beyond” (“Desistir da ideia de ir além do esperado”) é a frase que marca o novo conceito que surge no mundo laboral e que está a criar ruído por todo o mundo.
Na verdade, foi através da rede social TikTok que este conceito se tornou viral, aquando da publicação de um pequeno vídeo (este é o conceito de rede social) no qual um tiktoker americano transmitia a ideia de que a vida não se resume ao trabalho e que o valor de cada um não se define pela produtividade.
Muitas são as definições apresentadas para o “quiet quitting”, todas com um denominador comum: não fazer mais do que o que está contratualmente previsto.
Ainda assim, este pode ser um conceito analisado de várias perspetivas: deixar de fazer horas extra, fazer somente o necessário com elevada qualidade ou deixar de fazer o trabalho com cuidado e atenção.
De facto, este pode ser um conceito com um carácter positivo ou negativo para o mundo do trabalho.
Certo é que, em todas as conceções apresentadas, está presente a ideia da maior relevância atribuída à conciliação entre a vida pessoal e profissional, questão cada vez mais discutida, com especial destaque para o momento pós-pandemia.
O período de isolamento social que vivemos durante os últimos anos, associado às novas formas de flexibilização do trabalho, vieram criar desafios ao paradigma vigente de organização laboral. Isto porque, hoje mais do que nunca, a valorização do bem-estar pessoal, atenta a importância da saúde mental, tornou-se uma prioridade em geral.
De todo o modo, a estratégia de conciliação entre a vida pessoal e profissional não deverá passar por uma ideia de “um ou outro”, mas sim de “um com o outro”, devendo recorrer-se aos novos métodos de prestar trabalho de forma a responder aos variados desafios sociais.
Em todo o caso, a figura do “quiet quitting” não deixa de ser uma reação da sociedade a uma realidade caduca que, como muitos dizem, de “silenciosa” tem pouco.
Exige-se, assim, uma análise responsável destes movimentos sociais, que vêm exigir uma reforma de fundo nas mentalidades, certos de que “já foi dado o tiro de partida”.
José Maria Coelho @ DCM | Littler